Na série The Last of Us, que estreou neste domingo (15) na HBO, o espectador é apresentado a uma América pós-apocalítptica, devastada por uma doença misteriosa que dizimou a civilização. Embora seja um conceito manjado, há uma curiosidade sobre a origem do fim do mundo da série: o fungo Cordyceps existe de verdade e é encontrado no Brasil.
No game original de 2013 e na série da HBO, a raça humana é atacada por uma doença chamada Infecção Cerebral do Cordyceps (CBI). No jogo The Last of Us, o fungo se espalha pelo mundo atrvés de plantações infectadas e ao migrar para os humanos, transforma suas vítimas em máquinas de matar, que atacam outras pessoas de forma irracional.
O Cordyceps é um fungo real, encontrado principalmente em florestas tropicais como as do Brasil. Seu nome científico é Ophiocordyceps unilateralis e ele infecta insetos como as formigas. O Cordyceps é um parasita que se desenvolve prejudicando funções motoras e nervosas dos insetos e outros artrópodes infectados.
Em 2006, a BBC produziu um documentário que registra o fungo em ação. Intitulado Planeta Terra, o programa foi exibido no Brasil pelo Fantástico, da TV Globo, e mostra uma formiga sendo transformada em zumbi pelo fungo.
A grande pergunta após assistir à série e descobrir que o Cordyceps existe no mundo real, incusive aqui no Brasil, é se o fungo pode mesmo infectar seres humanos? A resposta é não. O corpo humano possui anticorpos e sistemas de defesa para evitar uma infecção pelo fungo Cordyceps.
O Cordyceps de The Last of Us é uma mutação mais potente do fungo real. Nos games e no mundo real, ele se espalha e infecta suas vítimas através de esportos liberados no ar. Na série da HBO, ao que parece, a infecção é feita somente através das mordidas.
As vítimas do Cordyceps de The Last of Us perdem o controle do sistema motor em um dia, enquanto os insetos infectados no mundo real levam alguns dias para serem 'zumbificados' pelo fungo.
Assim como nos jogos e na série, o Cordyceps se alimenta do hospedeiro conforme cresce, ficando cada vez mais visível sobre o corpo original. Em The Last of Us, isso resulta em mutações que geram infectados mais fortes, resistentes e mais perigosos, até alcançarem um estágio final em que ficam inertes.
Por que não há esporos na série?
Uma diferença importante entre o fungo da série da HBO, o real e o dos games, é que na TV, o Cordyceps não se espalha através de esporos pelo ar. O motivo para a alteração foi a pandemia de COVID-19, explicou o criador de The Last of Us para o site norte-americano Collider:
"Era importante ressaltar que o público tem mais conhecimento sobre pandemias do que há 5, 10 anos. […] Pensei muito em como há a passagem do fungo de um infectado para o outro, e como isso funciona como uma rede interconectada. É assustador pensar que essa parte da natureza estaria trabalhando contra nós de forma tão unificada, foi um conceito que eu adorei".
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