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Temor de recessão causa queda global nos mercados

Ontem (23) foi um dia de fortes quedas nos principais mercados ao redor do mundo. Ações e petróleo despencaram. O índice Dow Jones fechou a 29.590 pontos, menor nível do ano e amargando uma queda de 19,1% desde o início de 2022. O índice S&P 500 fechou a 3.693 pontos. Levemente acima do mínimo do ano, mas com uma baixa de exatos 23% no acumulado de 2022.


O barril de petróleo do tipo Brent, referência para o mercado europeu e para a Petrobras caiu 4,76% para US$ 86,15.


O que causou tanta queda foi a percepção, por parte dos investidores, de que não será possível escapar da terrível palavra com “R”: recessão. Bancos centrais ao redor do mundo, começando pelo americano Fed, estão elevando os juros para combater a inflação. Isso torna o capital e os empréstimos mais caros para empresas e investidores, desacelera o crescimento e aumenta o desemprego. Como essas medidas reduzem os lucros das empresas e a demanda por commodities, o mercado antecipa as baixas e vende. Foi o que ocorreu ontem.


Refletindo as preocupações com o crescimento econômico, o preço do petróleo bruto West Texas Intermediate, referência para o mercado americano, caiu mais de 5% na sexta-feira (23) e fechou abaixo de US$ 80 o barril pela primeira vez desde janeiro. Além disso, os índices de atividade industrial mostram desaceleração nos Estados Unidos, na Alemanha e na França.


Tudo isso decorre da alta dos juros para conter a inflação. Na quarta-feira (21) o Fed elevou os juros americanos em 0,75 ponto percentual, para 3,0% ao ano. Jerome H. Powell, presidente do Fed, alertou que não será o último aumento. Não foi a única elevação de juros. Na quinta-feira (22), o Banco da Inglaterra, o BC inglês, elevou os juros em 0,5 ponto percentual para 2,25% ao ano, a taxa mais alta desde 2008. Bancos centrais menores, como o da Noruega, decretaram aumentos semelhantes. E os BCs da Suíça e da África do Sul elevaram os juros em 0,75 ponto percentual, como o Fed.


Esse movimento já era esperado pelos especialistas. Até o fim de 2021, os banqueiros centrais consideravam a inflação um fenômeno passageiro. Porém, os preços continuaram subindo. A guerra da Rússia com a Ucrânia elevou os custos de energia e os gargalos da cadeia de suprimentos aumentaram os preços dos produtos ao mesmo tempo em que a demanda crescia porque o mundo estava emergindo da pandemia de coronavírus. Esse descompasso levou a aumentos acentuados nos preços de bens e serviços. O que fez com que o mercado passasse a esperar uma alta gradual de juros, que se estenderia até o primeiro ou o segundo trimestre de 2023.


Porém, os bancos centrais resolveram acelerar o ritmo do ajuste. E alguns, como o Fed, indicaram que a taxas de juros poderão subir mais do que o previsto. Até poucas semanas atrás, a estimativa do mercado americano era de que os juros subiriam até 3,5% ao ano. Agora, o teto revisado está em 4,5%. E como os investidores estão tendo de se adaptar rapidamente a esse novo cenário após quase dois anos de leniência com a inflação, o ajuste é abrupto e doloroso.



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