As ações preferenciais de Petrobras (PETR4) disparam nesta sexta-feira (13) no Ibovespa, liderando os ganhos do índice, em linha com a alta do petróleo e com o mercado repercutindo a escalada da guerra entre Israel e Hamas, que entrou em seu sétimo dia.
Perto das 12h10, as ações preferenciais de Petrobras (PETR4) subiam 2,96%, cotadas a R$ 36,17, enquanto as ordinárias avançam 2,62%, a R$ 39,12. Papéis das petroleiras privadas, ou junior oils, também dispararam em bloco. Confira:
PRIO (PRIO3): alta de 2,77%, a R$ 48,92;
PetroReconcavo (RECV3): alta de 0,05%, a R$ 21,74;
3R Petroleum (RRRP3): alta de 4,66%, a R$ 32,77.
Segundo Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, boa parte da alta da Petrobras hoje se deve à forte alta do petróleo, que sobe com a escalada da guerra entre Israel e Hamas.
"O barril de petróleo tipo Brent, que é a referência de petróleo para a Petrobras, valoriza mais de 3%. Com isso, as ações estão reagindo positivamente, mesmo com um clima de aversão ao risco nos mercados globais, que estão penalizando ações fora do setor de petróleo", destaca.
Além disso, segundo o analista, o mercado teme que desdobramentos da guerra por outros países do Oriente Médio no fim de semana possam acontecer. "O pior cenário seria o Irã se envolver diretamente na guerra, o que poderia elevar ainda mais as cotações do petróleo, já que, em um evento de cauda como esse, o Irã poderia fechar o estreito de Ormuz, por onde passa mais de 30% da exportação de petróleo do mundo. Causaria um choque de oferta ainda maior, impactando o mercado como um todo", completa.
Nesta sexta-feira, o conflito em Israel chegou ao sétimo dia, com a informação de que o governo israelense comunicou a Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a ordem dada para os palestinos se deslocarem do norte para o sul da Faixa de Gaza dentro de 24 horas. Assim, com a indicação de que haveria uma grande invasão por terra, o preço do Brent chegou a subir 4,10%.
"Não sabemos se o petróleo irá se sustentar nesse patamar. Porém, com o final de semana chegando, o temor de um agravamento nos ataques e, pior, um envolvimento dos países vizinhos seria prejudicial para o preço do petróleo, levando-o acima de US$ 90", completa Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos
Petrobras (PETR4): unidades de refino atingem patamar de 97% de utilização em setembro
A Petrobras informou na última terça-feira (10) que suas unidades de refino atingiram, em setembro, o patamar de 97% de utilização pelo segundo mês consecutivo. Com isso, o Fator de Utilização Total (FUT) das refinarias no terceiro trimestre alcançou 95,8%, melhor resultado desde 2014.
Ainda segundo a estatal, a Refinaria de Paulínia (Replan) bateu recorde de utilização, processando, em setembro, a média de 427 milhões de barris por dia (FUT de 98,4%), totalizando 12,8 milhões de barris de petróleo refinado, maior marca desde fevereiro de 2015.
Também no terceiro trimestre, a Petrobras superou recordes na produção de derivados. O diesel S-10 atingiu 464 milhões de barris por dia ante 419 milhões de barris por dia produzidos no segundo trimestre, e a gasolina alcançou 423 milhões de barris por dia, melhor resultado desde o quarto trimestre de 2013.
"As marcas expressivas de produção de derivados no terceiro trimestre deste ano foram obtidas levando em conta a elevada confiabilidade e disponibilidade operacional das unidades de refino da companhia, conjugadas com a eficiência das operações de logística e de atendimento ao mercado, e suportadas por soluções robustas de tecnologia e digitalização de processos", disse a companhia.
Petrobras (PETR4): estratégia comercial compensará volatilidade do petróleo, diz Prates
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse no início desta semana que o conflito no Oriente Médio vai trazer mais volatilidade ao preço do petróleo, e que a nova estratégia comercial da companhia vai ajudar a mitigar uma eventual disparada no valor dos derivados, principalmente do diesel, que já vinha pressionado.
No governo Luiz Inácio Lula da Silva, a Petrobras abandonou a política de paridade de preço internacional (PPI), criada no governo de Michel Temer e que considerava as cotações do petróleo no mercado externo.
"Provavelmente vamos ter mais volatilidade no preço, o que vai salientar de novo a utilidade da política de preços que a gente tem colocado em prática com o governo federal", disse, ao chegar a evento promovido pelo consulado da Noruega no Copacabana Palace, no Rio.
Prates destacou especialmente uma possível aceleração no preço do diesel, mas disse que ainda é preciso acompanhar o desenrolar dos acontecimentos. "Não tem de fazer muito mais do que a gente está fazendo, tem de ir acompanhando os preços, principalmente do diesel, e ir se organizando", explicou. "Isso não quer dizer que vamos fazer ajuste o tempo todo".
Pressão
O conflito atual em Israel se soma à recente decisão dos governos de Rússia e Arábia Saudita de reduzirem a produção de petróleo, numa tentativa de forçar a subida dos preços. Juntos, os dois países respondem por uma redução de 1,3 milhão de barris por dia.
O atual cenário global resulta em uma combinação perversa: queda na produção com aumento da demanda, sobretudo vinda da China. "A ficha do mercado caiu", afirma Walter de Vitto, economista e sócio da Tendências Consultoria. "O mercado ficou deficitário. Está se consumindo mais do que produzindo. Isso vai levar a um enxugamento de estoques neste segundo semestre, e os preços estão refletindo esse cenário".
"Depois da pandemia, a Opep fez cortes para ajustar o mercado. Houve um descasamento muito grande entre demanda e oferta naquele momento, e acumulou-se muito estoque", lembra o economista. "Quando os estoques recuaram e estavam num nível de maior equilíbrio, (os países) começaram a aumentar a produção."
Por ora, a expectativa é de que os preços do petróleo fiquem mais pressionados no curto prazo, mas há uma tendência de arrefecimento na cotação. Em dezembro, a consultoria estima um relaxamento do corte de produção e também trabalha com uma expectativa da queda da demanda diante da esperada desaceleração da economia mundial em 2024. "Os estoques devem refletir um cenário de maior equilíbrio do mercado", afirma de Vitto.
O analista não acredita que a atual administração da Petrobras adote uma política parecida com a do governo Dilma Rousseff, de segurar repasses de preços e que provoca um descasamento muito grande com o cenário internacional. O último reajuste da companhia foi em 16 de agosto.
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