E
m depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro nesta quinta-feira, 17, o hacker Walter Delgatti Neto chamou o senador Sergio Moro (União-PR) de “criminoso contumaz”. O ex-juiz da Lava Jato retrucou e chamou o depoente de “bandido”. O bate-boca tem como pano de fundo a “Vaza Jato”. Delgatti é o hacker que expôs conversas privadas de autoridades envolvidas na Operação Lava Jato, entre elas o próprio Moro. Delgatti afirmou que foi absolvido de acusações de estelionato que o ex-ministro da Justiça citou ao questioná-lo, mas Moro insistiu. Em um dos casos, Delgatti foi condenado por uma Vara da Lava Jato, em Araraquara. “Só nesse caso aqui, Sr. Walter, o senhor foi condenado como estelionatário de 44 vítimas diferentes. Quantas vítimas o senhor já provocou de estelionato?”, provocou Moro.
Após a pergunta, Walter Delgatti disse que foi vítima de perseguição, chamou o senador de criminoso e afirmou que ele cometeu diversas irregularidades. “Relembrando que eu fui vítima de uma perseguição em Araraquara, inclusive equiparada à perseguição que V. Exa. fez com o Presidente Lula, e integrantes do PT, e ressaltando que eu li as conversas de V. Exa. Li a parte privada e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz, cometeu diversas irregularidades e crimes”, atacou.
Moro afirmou que Delgatti estava cometendo crime de calúnia ao chamar um senador de criminoso. O hacker retirou o que disse e pediu “escusas”. O senador Cid Gomes (PDT-CE) presidia a sessão no momento e pediu respeito das duas partes. Após a interrupção de Cid, Moro voltou à ofensiva. “Bandido aqui, desculpe, Sr. Walter, que foi preso, é o senhor”, atacou. Delgatti rebateu, e disse que Moro só não foi preso porque tem foro privilegiado.
O senador paranaense citou uma lista com 176 nomes que foram invadidos por Delgatti, como o ex-ministro da Economia Paulo Guedes, o deputado e presidente do MDB, Baleia Rossi (SP), e os senadores Davi Alcolumbre (União-AP) e Cid Gomes. O hacker afirmou que invadiu mais do que os 176 aparelhos, inclusive de políticos de esquerda. “Porque eu fui imparcial, eu invadi inclusive um telefone que tinha o nome de Lula, e não encontrei nada”, argumentou.
“Muito mais que isso. Inclusive, eu cheguei às conversas de V. Exa. com o então Procurador Dallagnol. E essas conversas foram chanceladas pelo STF e são utilizadas até hoje para anular condenações de pessoas inocentes”, complementou o hacker. Moro perguntou se Delgatti acreditava que pessoas cometeram crimes contra Petrobras e roubaram dinheiro. O hacker respondeu que preferia ‘ficar com a versão do STF’.
Por fim, Moro afirmou que Delgatti estava sendo tratado como um “herói” pela base governista e afirmou que as declarações dos depoentes devem ser bem analisadas e que os parlamentares não poderiam tomar tudo o que ele falou no colegiado como verdade. “O que ele fala aqui nós temos que, de fato, analisar, mas nós não podemos ter a palavra de alguém envolvido em crimes em série, inclusive de estelionato, como verdade. Por isso, faço o alerta aqui a muitos dos senadores e parlamentares que estão tratando o depoente como uma espécie de herói”, concluiu Moro.
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