O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quinta-feira (13) taxação de grandes fortunas e pediu uma “nova globalização” durante seu discurso na conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra, na Suíça. O evento reuniu representantes de 187 países membros e teve como tema central a justiça social. Lula tem reiterado a necessidade de tributar os super-ricos em discursos internacionais. “O Brasil está impulsionando a proposta de taxação dos super-ricos nos debates do G20. Nunca antes o mundo teve tantos bilionários”, afirmou o petista, criticando a concentração de renda global. Ele destacou que 3.000 bilionários detêm cerca de US$ 15 trilhões, valor equivalente aos PIBs combinados de Japão, Alemanha, Índia e Reino Unido. ” É mais do que se estima ser necessário para os países emergentes lidarem com as mudanças climáticas. Os países ricos precisam pagar a conta […] A mão invisível do mercado só agrava a desigualdade. O crescimento da produtividade não tem sido acompanhado pelo crescimento dos salários”, acrescentou. O presidente brasileiro também abordou a desigualdade de renda e o aumento da informalidade no mercado de trabalho. ““É central resgatar o espírito da Declaração da Filadélfia, adotada há 80 anos. Nela, consignamos que o trabalho não deve ser tratado como mercadoria, mas como fonte de atividade e bem-estar.”
Sem citar Elon Musk, com quem Lula criticou os bilionários que investem em programas espaciais, sugerindo que estes deveriam se concentrar em resolver os problemas na Terra. “Não precisamos buscar soluções em Marte. É a Terra que precisa do nosso cuidado”, afirmou Lula, arrancando aplausos e risadas da plateia. O presidente também pediu um “novo contrato social” que coloque o ser humano no centro das políticas públicas e exaltou a parceria com o presidente americano Joe Biden para “promover o trabalho decente no mundo”, formalizada em setembro do ano passado. Além disso, Lula destacou a importância da COP30, que será realizada em Belém, no próximo ano, como uma oportunidade para o mundo “ouvir” a Amazônia. Ele também defendeu a criação de um projeto de inteligência artificial para o Sul Global, ressaltando a necessidade de mudar o atual cenário dominado por empresas privadas. “A inteligência artificial nada mais é do que a esperteza de algumas empresas que acumulam conhecimento de todos os seres humanos. E com a acumulação desses dados sem pagar um único centavo de dólar ao povo, eles conseguem fazer o que estão fazendo no mundo.”
A presença de Lula na conferência foi celebrada por líderes internacionais. Gilbert Houngbo, diretor-geral da OIT, e Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, elogiaram o compromisso do presidente brasileiro com a justiça social e a luta contra a fome e a pobreza. Após a conferência em Genebra, o petista seguirá para a Itália para participar da Cúpula do G7, que ocorrerá de 13 a 15 de junho na região da Puglia. Além das reuniões ampliadas, a agenda do presidente inclui encontros bilaterais com autoridades.
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