Durante a conferência eleitoral do PT, em Brasília, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discordou da presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, em relação à condução da política fiscal. Enquanto Haddad defende a necessidade de zerar o déficit das contas públicas em 2024, Gleisi pede um déficit de 1% do PIB. Para ela, um rombo maior garantiria um maior crescimento econômico para o país. No entanto, Haddad argumenta que um déficit maior não é sinônimo de maior atividade econômica. No debate, Haddad apresentou outra visão, afirmando que não é verdade que o déficit fiscal faz a economia crescer. Ele ressaltou que não existe uma correspondência direta e que isso depende de outros fatores.
No dia anterior, um comunicado emitido pela principal ala do PT, à qual pertencem Gleisi e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, expressou críticas ao que denominam “austericídio fiscal”. A resolução enfatiza a urgente necessidade de o Brasil se emancipar da suposta ditadura imposta pelo Banco Central “independente” e do impacto negativo do “austericídio fiscal”. Segundo o documento, caso não ocorra essa libertação, o país enfrentará dificuldades em atender às demandas nacionais.
O ministro destacou a importância de criar condições para exigir a redução dos juros pelo Banco Central. Enquanto setores do PT e do governo defendem mais espaço no Orçamento para evitar cortes e estimular a economia por meio de gastos públicos, o Banco Central tem reiterado a necessidade de reequilíbrio fiscal para controlar a inflação e, assim, criar espaço para a queda dos juros. Haddad ressaltou que a vida não está fácil para o governo no Congresso, devido à falta de uma base favorável à agenda defendida por ele, e criticou a diretoria do Banco Central, classificando-a como “muito durona”. O debate entre Haddad e Gleisi ocorre em um momento de pressão sobre a equipe econômica, com índices apontando para uma desaceleração na economia e o governo buscando aprovar um pacote de medidas para aumentar a arrecadação federal em 2024.
Haddad destacou a importância de aprovar essas medidas, afirmando que a próxima semana será decisiva nesse sentido. Ele também ligou a pauta defendida pelo atual Congresso à do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, destacando as diferenças entre as agendas. Apesar das divergências, tanto Haddad quanto Gleisi elogiaram medidas do governo, como a recriação do Bolsa Família e a taxação das offshores. A senadora minimizou as divergências de visões sobre a meta fiscal, afirmando que esses debates internos no partido são normais. Por sua vez, Haddad expressou sua insatisfação por não ter feito mais durante o ano, mas considera que as expectativas em relação ao governo foram superadas. Ele também afirmou que espera resolver nos próximos dias a questão da desoneração da folha de pagamento.
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