A promessa feita pelo governo, de cortar despesas obrigatórias em 2025, contribuiu para que o dólar continuasse o movimento de queda iniciado ontem em relação ao real, deflagrado por um discurso mais claro do Planalto em defesa do ajuste fiscal e por um rumor de que o Banco Central teria consultado o mercado sobre a necessidade de maior liquidez no câmbio. O dólar à vista caiu 1,47%, a R$ 5,4864, com máxima de R$ 5,5083 (-1,08%) e mínima de R$ 5,4668 (-1,82%) na sessão. Às 17h45, o contrato da moeda para agosto recuava 1,19%, a R$ 5,5025, com máxima de R$ 5,5270 (-0,75%) e mínima de R$ 5,4830 (-1,54%).
Com as perdas dos últimos dois pregões, o movimento da moeda brasileira ficou mais alinhado ao de outras moedas latino-americanas observado desde o final de maio, quando o rali do dólar ficou mais evidente em relação a essas divisas. Nesta base de comparação, o dólar passou a acumular alta de 4,5% em relação ao real e de pouco mais de 6% em relação aos pesos mexicano e colombiano. Na comparação com o peso chileno, porém, a alta foi de 1,7%.
No acumulado do ano, porém, o real ainda é a moeda que mais perde na comparação com o dólar dentre as divisas de grandes países emergentes, seguida de perto pela lira turca. Ontem à noite, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou o compromisso do governo com o arcabouço fiscal e as metas de resultado primário e anunciou que já foram identificados R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que poderão ser cortadas do Orçamento de 2025. “Nós já identificamos, e o presidente autorizou levar à frente”, acrescentou o ministro.
Com o foco dos investidores voltado essencialmente ao cenário fiscal e ao compromisso político com os cortes de despesas, a notícia de que o superávit comercial de junho ficou acima do previsto teve efeito zero sobre a cotação do dólar, assim como a revisão para cima na previsão do governo para o resultado da balança comercial neste ano. O mercado também operou hoje sem uma diretriz clara do exterior, devido ao feriado do Dia da Independência dos Estados Unidos, que manteve as bolsas de lá fechadas.
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