Assim como aconteceu na quinta-feira (11) com os dados de vendas varejistas, os dados divulgados hoje pelo IBGE sobre o desempenho do setor de serviços em maio surpreenderam positivamente. O volume da atividade ficou estável, enquanto o consenso de analistas esperava queda.
A recuperação do consumo das famílias no mês – após queda em abril – e o efeito menos intenso que o projetado das enchentes no Rio Grande do Sul, explicam o resultado, segundo economistas.
André Valério, economista sênior do Inter, lembra que havia ampla expectativa de variação negativa no indicador geral, em grande parte por conta da catástrofe climática em maio, mas que, a despeito disso, o volume de serviços no RS avançou 0,6%.
“Naturalmente, o impacto das enchentes foi sentido nos setores associados ao turismo, com o volume das atividades turísticas recuando mais de 32% no RS. Entretanto, o impacto no restante do país foi comedido. De modo geral, o resultado de maio mostra uma discrepância entre oferta e demanda”, explica.
Ele destaca que, pelo lado da demanda, os serviços prestados às famílias avançaram 3% em maio, recuperando as perdas de 2,7% observadas em abril. No ano, esses serviços acumulam alta de 5,3%. Isso, segundo o economista, como reflexo de um mercado de trabalho aquecido, permitindo a recomposição da renda em termos reais.
Já pelo lado da oferta, os serviços de transportes e de informação e comunicação recuaram 1,6% e 1,1%, respectivamente.
“Portanto, vemos os serviços se mantendo em patamar robusto mais por conta de uma demanda discricionária, associada à alojamento e alimentação, enquanto os serviços pelo lado da oferta indicam uma perda de dinamismo do setor, refletindo as condições monetárias mais restritas”, analisa.
Leonardo Costa, economista do ASA, considera que as enchentes do Sul afetaram de maneira distinta os dados que medem a atividade doméstica. “A indústria sofreu o maior impacto negativo, seguido pela pesquisa de serviços, ainda que apenas com desaceleração. Por outro lado, o comércio apresentou crescimento, efeito do consumo emergencial”, afirma.
A projeção do ASA para o PIB do segundo trimestre continua em +0,7% e, para o ano, permanece em 2,3%.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, é outra especialista a destacar a expansão dos serviços prestados às famílias em maio. “O segmento, que é um importante termômetro de crescimento do PIB, segue uma trajetória de recuperação e já alcançou o patamar pré-pandemia”, frisa.
Ela também comenta que havia preocupação com o efeito que as chuvas no Rio Grande do Sul poderiam causar para atividade econômica, mas que os dados do comércio e de serviços mostraram que o impacto foi menor do que o esperado.
“Na nossa visão, os dados mais recentes de atividade sugerem que o PIB do 2º trimestre pode crescer mais de 1%. Adicionamos viés de alta para nossa projeção de crescimento de 2,2% para o PIB de 2024.”
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